sábado, 16 de julho de 2011

Como formar um "Conselho de Pastores"?

                                                                                                                                          
              Pr. Sérgio Marcos

Amizade, não coleguismo.
A principal tarefa de quem deseja iniciar um conselho de pastores em sua cidade é procurar desenvolver amizades significativas entre os “colegas” de ministério. A experiência comprova que pastores não são amistosos entre si. Há muito ciúme, competição, exibicionismo e falta de modéstia na classe que deveria ser “mansa e humilde” como Jesus. Com “amigos” me refiro a encontros casuais além dos formais. Gente que se conhece, compartilha lutas e vitórias; incentivam-se mutuamente e não procuram interesses denominacionais, mas o bem estar do outro. Se os pastores do conselho não forem amigos, não haverá conselho de pastores.

Unidade, não união.
Qual a diferença? Um exemplo “bem batido” é o do saco de batatas comparado ao purê de batatas. No primeiro há união. No segundo, unidade. Assim como o leguminoso do exemplo (ou seria raiz?) é preciso remover a casca e deixar-se esmagar. No linguajar “evangeliquês”: tirar as máscaras e humilhar-se.  Um conselho de pastores só será um instrumento poderoso nas mãos do Senhor quando a unidade do Espírito for preservada pelo vínculo da paz o que só acontecerá com líderes quebrantados, numa unidade em amor.

Visão de Reino, não partidarismo.
Pastores deveriam ser, acima de tudo, homens de Deus. Espera-se que falem em nome de Deus, chorem as lágrimas de Deus, lutem com Deus nas batalhas de Deus e edifiquem a igreja de Deus. Jesus foi claro quando disse “o meu Reino não é deste mundo”. Insistiu dizendo ainda: “vós não sois do mundo como eu do mundo não sou”. As denominações divergem quanto ao assunto e cada uma irá assumir esta ou aquela posição. No entanto, creio que um conselho de pastores deveria manter-se neutro e unido unicamente sob a bandeira da cruz.

Submissão em amor, não hierarquia.
Para que um conselho funcione com certa ordem uma organização se faz necessária. Daí haverem presidentes, secretários e tudo mais. No entanto, pastores tendem a ser formais ao extremo, transformando um expediente organizacional em hierarquia pesada. A mentalidade de caserna não funciona num conselho de pastores. Em oração, todos são iguais perante o Senhor. Não importa quão grande ou influente seja a denominação de alguém, ou quantos membros sua igreja tenha, ou quanto tempo determinado pastor está na cidade, ou qual sua faixa etária ou graduação. O que importa é que “Cristo é tudo em todos” e devemos nos sujeitar uns aos outros conforme a ordem bíblica.

Ênfase em Cristo, não na doutrina.
Há quem discorde, claro. Mas qualquer um que ame a Bíblia e a Igreja irá concordar comigo que há doutrinas inegociáveis como as que se relacionam com cristologia e soteriologia. Há porém doutrinas de peso secundário que podem atrapalhar a unidade, dependendo da ênfase dada por determinada denominação. Somos salvos por uma Pessoa, não uma doutrina. Devemos buscar nossa unidade em Cristo e não em nossas construções teológicas. Nele somos um. Vivendo nele, por ele e para ele, estaremos preservando a unidade.

Ter como capela a cidade, não a denominação.
Aqui muitos esbarram. A Bíblia é clara em afirmar que Deus é Deus de cidades, não de denominações. Nínive, Babilônia, Jerusalém, Jericó, Antioquia, Conrinto, Filipos, Tessalônica. Denominações existem, tem sua importância histórica, cultural e espiritual, mas não podem (nem devem) interferir na unidade da Igreja de Cristo em uma determinada cidade ou jurisdição. Há apenas uma Igreja de Cristo numa localidade. E quando esta Igreja está vivendo em unidade, é a principal força existente na face da Terra. Nem a Prefeitura, nem a OAB, nem a Polícia Militar, ou qualquer outra autoridade pode enfrentar demônios que controlam determinados segmentos sociais de opressão. Só a unidade da igreja pode fazer esse enfrentamento. O evangelismo não pode ser um trabalho isolado desta ou daquela denominação, mas um esforço conjunto. O mesmo com respeito a intercessão ou a vóz profética. No poder da unidade cidades inteiras estão sendo transformadas.

Como dar o start?
Se deseja começar um conselho de pastores, procure aqueles com quem tem mais afinidade e estabeleça uma agenda de reuniões de oração mensais num período de seis meses. Forme uma base sólida com poucos. A partir daí, comece a convidar outros pastores para integrarem este grupo inicial. Deixe de lado, a princípio, documentos como estatutos, códigos e ética, declarações de fé, etc. Forme um grupo de amigos e desenvolva com eles uma ligação cristã antes de qualquer vínculo institucional. A partir de então estude os problemas de sua cidade, identifique onde estruturas de opressão estão atuando e promova uma ação conjunta de oração e enfrentamento desta situação. Deus fará muito mais do que você imagina, por meio da unidade de seu povo. Experimente e verá.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

PASTORES E SUA SEDE POR TÍTULOS.

Quando e como começou não se sabe, mas o clero evangélico não é mais o mesmo. Imponência, trajes caros, exposição na mídia, e anseio por títulos e reconhecimento alteraram imensamente o perfil dos pastores conhecidos antigamente por sua integridade, simplicidade e proximidade do rebanho.

É fato que muitos pastores sofreram com salários irrisórios, pressões familiares e denominacionais. Muitos até morreram de tristeza e depressão por falta de reconhecimento, gratidão, e cuidado nos momentos que mais precisavam. Verdadeiros heróis, deram suas vidas pelo ministério.

Hoje, diferentemente, emergiu uma estirpe de líderes eclesiásticos afeitos ao glamour, poliglotas, graduados e pós-graduados, requintados e antenados com a era pós-moderna em que vivemos. As tidas “pastoras”, como verdadeiras “socialites”, transitam nas principais e badaladas festas sociais. O povo de Deus finalmente ascendeu das ruínas do ostracismo religioso para o pináculo do templo. Parece que, para ascenderem e se manterem ali precisam de títulos que os tornem diferenciados. E agora? Para muitos, isso não passa de uma consequência natural. Para outros, obediência a Baal. Com quem estaria a verdade?

Como sempre, a verdade esteve, está e estará com Jesus. Aliás, ele não “possui” a verdade, ele é a verdade. E sua verdade é sua vida, sua pessoa, sua obra, seus discursos, sua natureza santa, divina, humana e radical. Não há nada de errado em acender socialmente, ou ter um estilo de vida abastado, desde que jamais deixemos de nos ver como servos, nada mais. Se tenho pouco, meu pouco é para servir a Deus e ao próximo. Se tenho muito, idem. O que preocupa é a sede por títulos.

O Novo Testamento fala de bispos e apóstolos, mas em nenhum caso há referência a títulos ou posições de proeminência. Paulo jamais é chamado de “apóstolo Paulo”, mas sempre como “Paulo, o apóstolo”. Jesus, é reconhecido como Rabi, mas jamais vemos a expressão Rabi Jesus, mas vemos Jesus de Nazaré, como João de Belo Horizonte ou José de Recife. De onde vem esta anseio por títulos? 

Sem querer bancar o psicólogo, acho que esta mania procede de baixa auto estima. Quem sabe ao certo quem é e o valor que possui, não liga para títulos. Tanto faz ser chamado de pastor fulano ou simplesmente de fulano. O que vale é o respeito que a pessoa tem pela função que desempenhamos, nada mais. Devemos procurar crescer, nos graduar, pós graduar, doutorar e pós doutorar. Mas fazer deste conhecimento um serviço a Deus e ao próximo e não um patamar de onde olhamos as pessoas por cima. Jesus disse que deveria ser chamado de mestre por que ele de fato o era. Mas que atentassem para o fato de que, mesmo sendo mestre e senhor, ele lavou os pés de seus discípulos como um autêntico escravo.
É preciso substituir a sede por títulos pela sede de Deus.



sergiomarcos@mevec.com.br 
Postado originalmente no site da revista Ulitimato
http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/pastores-e-sua-sede-por-titulos-1 

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Pronunciamento da Deputada Mírian Rios sobre a PEC 23/2007

A deputada foi muito criticada e ameaçada de processo devido ao fato de dizer que tinha o direito de recusar que suas filhas ficassem sob os cuidados de uma babá lésbica. 

terça-feira, 5 de julho de 2011

VERDADE E UNIDADE: Qual o mais importante?


Há uma ligação muito forte entre o que cremos, nossos símbolo de fé, e a prática da comunhão eclesiástica. Quando olhamos para o evangelicalismo moderno, constatamos uma grande dissociação entre comunhão cristã e fé (aquilo que confessamos). A verdade não é tida como mais importante do que a comunhão. Por isso, vemos uma geração de igrejas sem rumo, sem saúde, confusas, onde o que realmente importa, é serem todos “amigos“.
Gostaria, neste artigo, de tratar do valor que os Símbolos de Fé têm para a unidade da igreja. Há um tempo atrás, escrevi um artigo sobre a Unidade e a Verdade. Me espantou, em meio a tantos e-mails, a falta de compreensão em alguns cristãos sobre o valor da União na Verdade. No Salmo 119.105 lemos assim: Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos. Pois bem, sem a luz da Verdade, a Unidade jamais perdurará! Segundo Charles H. Spurgeon, união não pode se dar em detrimento da verdade.
Paulo Anglada, em seu livro Sola Scriptura: a doutrina reformada das Escrituras (Os Puritanos), aborda de modo muito interessante a indissolubilidade entre o que cremos e a verdade. Ele afirma: “uma igreja sem confissão é como um partido sem ideologia, como uma sociedade sem estatuto, ou como um país sem constituição. Não há coerência, nem unidade, nem estabilidade, nem fidelidade, nem disciplina”.
Você percebe a importância e a urgência das igrejas de nossos dias voltarem a se reunir em torno dos símbolos da fé cristã? A unidade somente será preservada em torno da verdade confessada.
Algo pouco difundido nas igrejas de hoje, é o fato das primeiras igrejas “evangélicas” terem se unido e se mantido firmes em torno de seus Símbolos de Fé. Foi a Confissão de Fé de Londres de 1644 e, depois, de 1689, que manteve grande parte dos batistas unidos no século 17. Ali, eles resumiam o que criam acerca das Sãs Doutrinas. Foi a Confissão de Fé de Westminster que testemunhou a fé dos primeiros presbiterianos e os manteve unidos também no século 17. Da mesma sorte, a Confissão Belga, o Catecismo de Heidelberg, dentre outros documentos comprometidos em exporem a Pura Palavra de Deus, serviram para unir as igrejas cristãs na Palavra, na Verdade, no Verbo, “que um dia se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14).
A união não se dava por causa de tais documentos, mas por causa daquilo que eles ensinavam. Quando faltar o ensino – a pregação, a proclamação – faltará a esperança da unidade.
Aquilo que cremos acerca da Palavra de Deus é importantíssimo a fim de que consigamos caminhar juntos. Aquilo que cremos acerca da Santíssima Trindade é fundamental a fim de que possamos comungar juntos. Aquilo que cremos acerca da salvação é algo que, ou nos unirá, ou nos separará de modo taxativo.
A Igreja é de Deus! Ela não é nossa. Quantas comunidades nos nossos dias têm glorificado templos, amizades, líderes, estruturas, mas não glorificam a Verdade, o Caminho e a Vida. Cristo é a cabeça da Igreja de Deus, e Suas Palavras devem nos unir.
Infelizmente, muitas comunidades têm sobrevivido em torno da boa música que fazem, dos espetáculos dominicais, da amizade das “panelas”, e da supervalorização das tradições a serem mantidas. Infelizmente, tais comunidades não perdurarão por causa do amor à Palavra e por confessarem a mesma fé. Os Símbolos de Fé, aquilo em que creem, não será a base de sua amizade e comunhão.
Por isso, faria muito bem a todos que leem estas poucas palavras, que não nos esquecêssemos de que, enquanto peregrinamos nessa Terra, devemos perseverar em conhecer, amar e proclamar as Sagradas Escrituras. São elas que nos apresentam a Verdade! É a Verdade que nos une a Deus! E é a Verdade que, verdadeiramente, nos unirá um ao outro.
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Wilson Porte Jr, no blog da Editora Fiel