Teologia não é uma ciência exata. É uma composição humana, um estudo da revelação de Deus.
Teologia Bíblica é a que emerge naturalmente do texto bíblico. Daí termos as teologias do Antigo Testamento e do Novo Testamento.
Temos também a Teologia Sistemática, a que é composta ao redor de temas específicos.
Além destas, temos a Teologia dos escritores bíblicos: a teologia paulina, petrina, joanina, e por ai vai.
O conhecimento dos idiomas originais (hebraico, aramaico e grego) são de extrema valia para uma boa exegese. O conhecedor "médio" pode realizar bons trabalhos, pois temos farta literatura em português e espanhol.
Quem faz teologia?
Todo ser humano é um teólogo, pois tem para si conceitos, ideias, pensamentos e práticas pessoais sobre como é Deus e sua relação com os seres humanos. No entanto, temos os teólogos bíblicos, que acreditam na Bíblia e submetem seu pensamento à sua revelação. Dentre estes, existem os íntegros e os oportunistas ou insinceros.
O que é integridade teológica?
Assim como na medicina, no direito e na economia existem profissionais íntegros, na teologia existem os praticantes da integridade teológica, que nada mais é do que a busca consciente e constante da verdade bíblica em sua inteireza, "ouvindo" o que a mensagem bíblica tem a dizer e não fazendo maliciosamente com que ela diga o que o interprete acredita. Em outras palavras: integridade teológica entende que a Bíblia interpreta a própria Bíblia, que um texto não pode estar dizendo hoje o que não era intenção do autor dizer na época em que foi escrito e que um texto jamais pode ser removido de seu contexto.
Quando a teologia não possui integridade.
A falsa teologia é difícil de ser detectada, por que costuma ser tecida e costurada com farta citação bíblica, ter o aval de um "guru" do ramo e obter divulgação de uma boa editora. A falsa teologia costuma ter muitos simpatizantes devido ao seu apelo ao ego e a proposta de promover o suposto "bem estar" dos seus adeptos. Geralmente é amparada pelas filosofias do momento que dão a falsa sensação de relevância e se ajustam com certa facilidade aos pressupostos da psicologia contemporânea. Mas por não possuir a integridade da submissão inconteste as Sagradas Escrituras, não produzem o efeito proposto e acabam minando a fé genuína, o discipulado verdadeiro e a promoção do Reino de Deus.
Como estudar teologia?
Primeiramente entenda que o estudo da teologia é a maior necessidade do cristianismo mundial. Somos a geração mais analfabeta deste o Pentecostes. Nosso cristianismo costuma ser empírico, superficial, existencialista e ultimamente, materialista.
Também é preciso fazer uma conexão segura com a história da igreja cristã. O cristianismo praticado hoje em dia divorciou-se da história e com isso tornou-se fraco, insosso e irrelevante. Os avanços teológicos devem estar voltados as questões sociais. Temos hoje hoje a chamada "teologia integral" que propõe uma fé engajada nas questões sociais de nossos dias no intuito de trazer esperança ante as perplexidades dos dias atuais.
Finalmente, acredito que o teólogo deve ser o mais humilde de todos os demais estudiosos, pois trabalha em terreno santo, lida com as revelações das Sagradas Escrituras e por isso precisa sujeitar-se ao texto e colocar em prática, em sua própria vida, o que aprende para ser ele mesmo, sua própria mensagem. Isso é integridade teológica.
sergiomarcosmevec@gmail.com
A principal crítica que se faz contra a doutrina bíblica da divindade de Cristo é que ela foi forjada no catolicismo e não faz parte da revelação de Deus, principalmente nos evangelhos. As criticas são interessantes, inteligentes, mas não vão muito além de críticas. Basta empreendermos um estudo sério sobre as Escrituras Sagradas para observarmos questões intrigantes: evidências que exigem um veredito.
Integridade
A integridade dos originais do Novo Testamento extrapola, em muito, a Ilíada de Homero. O número de originais do N.T. são incomparavelmente mais numerosos e melhores que a obra do citado escritor. Não é preciso ser um perito no campo dos originais gregos para chegar a essa conclusão. A possibilidade de manipulação de textos por copistas é ridícula, face aos escrutínios gramaticais, teológicos e históricos a que a Bíblia tem se submetido nos últimos dois mil anos.
Historicidade
O Novo Testamento, jamais foi contestado no campo da historicidade. Nomes, datas, locais e eventos citados estão em plena harmonia com os registros históricos, não só do povo hebreu mas dos povos ao seu redor. Flavio Josefo foi o principal contribuinte neste campo e até hoje é tido como uma voz, extra bíblica, a favor dos registros das Sagradas Escrituras.
Evidências internas
Mas o que pesa a favor da divindade de Cristo, está nos Evangelhos e são incontestáveis. A hermenêutica é uma ciência de interpretação, e violá-la para fazer com que a Bíblia diga o que ela não diz, além de desonesto é desonroso para o saber e para a fé.
Mas o que temos nos evangelhos que evidenciam a divindade de Cristo? Por serem abundantes e variadas, vamos nos deter nas mais claras e decisivas.
1) Adoração. Somente Deus pode ser adorado. João tentou adorar um anjo e foi repreendido (Ap 19:10). Paulo sofreu uma tentativa de adoração e repreendeu os que tentavam transformá-lo em deus (At 14:8 à 18). O diabo quis adoração de Cristo mas esse foi categórico e bíblico: "ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele servirás, só a Ele prestarás culto". No entanto, Jesus recebeu adoração ao nascer (Mt 2:11), e após haver vencido a morte, ouve da boca de Tomé: "Senhor meu e Deus meu! " Então Jesus lhe disse: "Porque me viu, você creu? Felizes os que não viram e creram" (Mt 20:28,29). Se só Deus pode ser adorado, havendo Jesus aceitado adoração, precisamos decidir: ou Ele é um crápula, ou um doido, ou de fato Ele é Deus!
2) Afirmações dele próprio.
Jesus fez afirmações graves sobre si mesmo a ponto de haver sido condenado exatamente por elas. Não havia na mente do judeu, na época, nenhuma dúvida sobre o fato de que Jesus considerava-se Deus: "Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo" (Mt 10:33) .
Jesus ainda fez declarações contundentes. Na oração sacerdotal de João 17, diz ao Pai: " Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo"(vs. 4,5) . Se Deus havia afirmado "Eu sou o Senhor, esse é o meu nome! Não darei a outro a minha glória"(Is 42:8), que glória era essa que Jesus possuía?
3) Perdão de pecados.
Mas destes, a maior evidência da divindade de Cristo está na autoridade em perdoar pecados. O Evangelho Segundo São Marcos registra a cura de um paralítico onde Jesus decreta, abertamente, o perdão de seus pecados. Imediatamente os judeus questionaram: " Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?" (Mc 2:7). Essa era a pior blasfêmia que um judeu poderia cometer: colocar-se no lugar de Deus, perdoando pecados. Mas Jesus não se justificou nem voltou atrás.
"E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração? Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados— disse ao paralítico: Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa. Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim!" (Mc 2:8 à 12).
Apenas Deus pode perdoar pecados.
O espaço não é adequado para explorar a abundância de evidências internas que apontam para Jesus.
Uma delas, mais sutil, porém, não menos importante, está no livro do Profeta Zacarias 11:13 - "Então, o SENHOR me disse: Arroja isso ao oleiro, esse magnífico preço em que fui avaliado por eles. Tomei as trinta moedas de prata e as arrojei ao oleiro, na Casa do SENHOR". No original hebraico, SENHOR é Jeová, o próprio Deus.
Jesus foi igualmente avaliado ao ser traído por Judas: " Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo" (Mt 27:3,4). Onde essas moedas foram parar? "Então, se cumpriu o que foi dito por intermédio do profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi estimado aquele a quem alguns dos filhos de Israel avaliaram; e as deram pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor" (Mt 27:9,10).
Seria essa uma evidência sutil da divindade de Cristo?
Por que creio na divindade de Cristo.
Corria o ano de 1980. Eu era um religioso, me esforçando por ser protestante, mas no fundo era esotérico. Cria em alienígenas, duendes e astrologia da mesma forma que dizia crer na Bíblia. Ou seja, cria em tudo e por isso não acreditava em nada. A figura de Cristo me parecia distante. Para mim era mais um homem entre tantos desejando "fazer alguma coisa" em prol da humanidade. Decidi ler os evangelhos e iniciei com Mateus. A ética de Jesus me impressionou. Seu relacionamento com as crianças e as mulheres me cativou. Sua morte na cruz me deixou chocado, mas sua ressurreição me pareceu "esotérca", mística. Li como quem lê um romance bucólico. Mas foi no Evangelho Segundo São João que me intriguei com a possibilidade de Jesus Cristo possuir a mesma natureza de Deus, pois fui bombardeado com afirmações contundentes sobre sua "suposta" divindade. E em Março de 1981, após uma terrível crise existencial, aceitei a divindade de Cristo e, como Tomé, arrisquei-me a chamá-lo de "meu Senhor e meu Deus". Minha vida nunca mais foi a mesma!
Respeito os que pensam diferente, mas insisto que, ninguém pode considerar a Bíblia um livro sério, sem acreditar piamente na divindade de Cristo. Isso é impossível! Fico então com a segunda parte da pergunta levantada por esse despretensioso artigo: A divindade de Cristo é um fato teológico, incontestável, insofismável, inalienável e irrepetível.
Há um seleto grupo, compostos de profissionais da religião, cujas
decisões influenciarão nos próximos anos a vida de milhões de cristãos,
evangélicos, protestantes e católicos, ecumênicos ou não, clientes que
poderiam gerar impactos sobre comunidades religiosas. Quem são os
carismáticos ou pentecostalistas radicais? Quem são os crentes
secularistas? Quem são os libertários? Se fossem interessantes, para
além do proselitismo e da defesa apologética institucional, de cada uma
das denominações avaliadas, quem professaria a identidade cidadã e
cristã com maior aproximação dos valores do cristianismo apostólico?
Um
glossário sobre os modelos mais frequentes, para uma síntese de uma
pluralidade inumerável de tendências eclesiásticas nos dias atuais, pode
ser útil. No Brasil de hoje os valores da religião se confundem com os
da sociedade capitalista tradicional. Ocorre, o mesmo, com as igrejas, e
com os profissionais dos púlpitos? O ponto mais agudo e tenso é aquele
que, para se cumprirem as cláusulas do contrato social com a religião,
admite-se uma forma comportamental domada, encilhada e submissa. Não há
justificativa teológica que sustente a incapacidade de se ver os sinais
dos tempos. Vejamos alguns aspectos ou tendências nas igrejas e pastores
de hoje:
O apologismo reflete a crise de
identidade das igrejas. Sem entender a força da modernidade, a nova
moral, as democracias recentes, a tábua de salvação é procurada no
calvinismo e luteranismo conservadores, principalmente. Faltam
referenciais seguros, sociologicamente visíveis. O triunfalismo
eclesiástico pretendido, ingênuo, abstrato, encastela-se nas igrejas
mais ricas, enquanto a reação vem das igrejas pobres, entregues em total
vulnerabilidade às teologias do movimento pentecostal contemporâneo. O
pentecostalismo não se ocupa do apologismo, vai direto ao assunto:
religião carismática. Em maioria esmagadora, cuida das raízes populares
dominantes no Brasil.
Talvez o apologismo seja um modo de atenuar
o impacto de uma espécie de “outro mundo” demarcando a topografia
espiritual dos fieis. Igrejas, capelas, oratórios, santuários, templos,
centros espíritas, terreiros, cemitérios, fazem parte da fronteira em
que vivemos, entre um mundo real, concreto, e outro espiritual e
abstrato. O apologismo visualiza mundos e culturas passados, enquanto
acredita, anacronicamente, combater o cristianismo medieval antes da
Reforma. Combate, mas reproduz seus valores conservadores.
O secularismo,
porém, pretende que não estejamos mais diante de um universo religioso
simbólico tomado por forças ocultas, medo e terror atribuídos ao
sobrenatural. Assim, procura-se oferecer cura da alma e prazer
garantidos, sem mistérios na natureza real do problema da vida
religiosa em comum. Comunhão, coletividade eclesiástica e igualitarismo
passam a ser assuntos proibidos ou desinteressantes. As igrejas
comunitárias passam a ser lugar de encontros divertidos, ao invés de
espaço de comunhão e reflexão.
Nesse setor, as pessoas desejam
ser felizes não amanhã, mas hoje, agora, e talvez desde ontem. Para
estas, algumas vezes, a saída da religião pela materialidade da vida,
exige-se, para satisfazê-las, uma religião e um “deus ex machina”
disponíveis para atender prontamente a seus desejos. Pastores
secularizados se sentem obrigados a manter um cardápio “a la carte” para
tornar suportável a vida do crente secularizado no mundo moderno. Nesse
momento, contendo soluções prontas para os problemas do cotidiano, nada
mais confortante que o consumo do luxo, sem esquecer a saúde, ou as
clínicas estéticas a alto preço, para satisfazê-las.
O cardápio,
nesse ponto, se amplia. Adeptos da secularização eclesiástica também
gostam de falar de moral, embora entupidos pelas drogas farmacológicas
“lícitas”, e alguma inclinação pela tolerância das ilícitas. Depois, vêm
assuntos como ciência, religião, política, corrupção; esportes, amor,
filhos, saúde, dietas, alimentação saudável, esteira rolante, próstata,
eletrocardiograma, mamografia, ultrassom, colonoscopia, medicina de
ponta... e mesmo assim chega o dia inevitável em que se vai depender dos
caros planos de saúde, sequestrados pela caríssima medicina seletiva e
privada. Poucas atividades são tão transparentes nas injustiças e
desigualdades na sociedade moderna quanto ao escapismo secularista que
toma igrejas e crentes.
O libertarismo jamais
pretenderia a síntese das tendências anteriormente apontadas. Critica,
também, o vazio das tendências secularistas, exigentes de pastores
psicanalistas e de recursos de autoajuda alimentados nas fraseologias
pseudoteológicas de todos os dias. Como indivíduos, o libertarismo se
dirige aos considerados descartáveis, supérfluos, tidos como não
merecedores da repartição dos bens culturais, econômicos e sociais.
Ao
mesmo tempo, não pretende perder de vista a conversão individual,
paradoxalmente coletiva. O libertarismo vai além, denuncia as estruturas
e seus pecados, na sociedade, na política, na economia. Indigna-se e
aponta as desigualdades. Projetos que aterrem no ambiente coletivo
degradado, sob propostas concretas, malgrado as perplexidades do
momento, interessam-lhe sobremaneira. Pois identificam e tramitam num
caminho onde se apresentam as diferentes imposições das mortes
espiritual, social, econômica e cultural.
Como identificava o
teólogo Agenor Brighenti, sob olhar analítico, podemos observar os
vários estilos e modelos pastorais. Um número significativo de padres,
pastores e igrejas, adota o modelo dominante, apologético ou
secularizado. Alguns estão comprometidos com vícios burocráticos e
assembleias que não decidem sobre as urgências. Constituem combustível
queimado inutilmente, sem que a organização eclesiástica saia da
inércia. Outros, libertários, tendem a desprezar a cultura religiosa
popular, esquecendo a maioria e acentuando uma teologia radical para a
vida em comunhão.
Igrejas e pastores encontram-se fechados para a
vida moderna, cegos, surdos e mudos aos sinais dos tempos e às próprias
interpelações do Espírito, no mais das vezes. A sociedade humana
reclama salvação, no desenvolvimento de ações que revertam em atenção a
crianças, aos jovens, aos maduros e aos idosos, cujas vidas estão sob
risco permanente de morte: desproteção política, violação de direitos
humanos, cidadania seletiva ou privilegiada; trabalho, saúde, escola e
previdência, negados; violência contra a mulher, a criança e o idoso.
Hoje,
para muitos, pastores e igrejas, todo o multifacetado projeto de
modernização aparece como um equívoco desastroso que seleciona
privilégios de pessoas, grupos, sociedades. Ato de arrogância e maldade
cósmicas. E, novas figuras surgem agora em novo papel simbólico,
ocupando espaços de alto luxo, altos salários, onde as fortunas se
representam, cultivando o estímulo à inveja e à ganância. Sob pressões
econômicas do mundo moderno, o impulso de desenvolvimento eclesiástico
tende a caminhar no sentido de um perpétuo crescimento estatístico --
sob parâmetros do IBGE, em todos os seus equívocos de mensuração -- sem
evangelização autêntica e humanização da mensagem cristã.
O que
testemunham? Não sentindo que, se não pararem para refletir sobre suas
vocações, aceitando ser o que são na maioria, sem representação, sem
relevância, seremos diminuídos quanto ao desafio de seu papel original,
transformador da sociedade. Ninguém nos perguntará mais, pastores e
igrejas, sobre os cristãos nos tempos iniciais da igreja: “quem são
estes que têm transtornado o mundo? Chegaram também aqui?” (Atos 17.6).
Será que perdemos de vista o mapa que nos foi entregue desde a igreja
apostólica?