quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Divindade de Cristo: invenção Católica ou fato teológico?

    
     A principal crítica que se faz contra a doutrina bíblica da divindade de Cristo é que ela foi forjada no catolicismo e não faz parte da revelação de Deus, principalmente nos evangelhos. As criticas são interessantes, inteligentes, mas não vão muito além de críticas. Basta empreendermos um estudo sério sobre as Escrituras Sagradas para observarmos questões intrigantes: evidências que exigem um veredito.

      Integridade
      A integridade dos originais do Novo Testamento extrapola, em muito, a Ilíada de Homero. O número de originais do N.T. são incomparavelmente mais numerosos e melhores que a obra do citado escritor. Não é preciso ser um perito no campo dos originais gregos para chegar a essa conclusão. A possibilidade de manipulação de textos por copistas é ridícula, face aos escrutínios gramaticais, teológicos e históricos a que a Bíblia tem se submetido  nos últimos dois mil anos.

     Historicidade
     O Novo Testamento, jamais foi contestado no campo da historicidade. Nomes, datas, locais e eventos citados estão em plena harmonia com os registros históricos, não só do povo hebreu mas dos povos ao seu redor. Flavio Josefo  foi o principal contribuinte neste campo e até hoje é tido como uma voz, extra bíblica, a favor dos registros das Sagradas Escrituras.

     Evidências internas
     Mas o que pesa a favor da divindade de Cristo, está nos Evangelhos e são incontestáveis.  A hermenêutica é uma ciência de interpretação, e violá-la para fazer com que a Bíblia diga o que ela não diz, além de desonesto é desonroso para o saber e para a fé.
     Mas o que temos nos evangelhos que evidenciam a divindade de Cristo? Por serem abundantes e variadas, vamos nos deter nas mais claras e decisivas.

     1) Adoração. Somente Deus pode ser adorado.  João tentou adorar um anjo e foi repreendido (Ap 19:10). Paulo sofreu uma tentativa de adoração e repreendeu os que tentavam transformá-lo em deus (At 14:8 à 18). O diabo quis adoração de Cristo mas esse foi categórico e bíblico: "ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele servirás, só a Ele prestarás culto". No entanto, Jesus recebeu adoração ao nascer (Mt 2:11),  e após haver vencido a morte, ouve da boca de Tomé:  "Senhor meu e Deus meu! " Então Jesus lhe disse: "Porque me viu, você creu? Felizes os que não viram e creram" (Mt 20:28,29).  Se só Deus pode ser adorado, havendo Jesus aceitado adoração, precisamos decidir: ou Ele é um crápula, ou um doido, ou de fato Ele é Deus!

     2) Afirmações dele próprio.
     Jesus fez afirmações graves sobre si mesmo a ponto de haver sido condenado exatamente por elas. Não havia na mente do judeu, na época, nenhuma dúvida sobre o fato de que Jesus considerava-se Deus: "Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo" (Mt 10:33)
     Jesus ainda fez declarações contundentes. Na oração sacerdotal de João 17, diz ao Pai:      " ​Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer;  ​e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo"(vs. 4,5) . Se Deus havia afirmado  "Eu sou o Senhor, esse é o meu nome! Não darei a outro a minha glória"(Is 42:8), que glória era essa que Jesus possuía?
 
     3) Perdão de pecados.
     Mas destes, a maior evidência da divindade de Cristo está na autoridade em perdoar pecados.  O Evangelho Segundo São Marcos registra a cura de um paralítico onde Jesus decreta, abertamente, o perdão de seus pecados. Imediatamente os judeus questionaram:    " ​Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?" (Mc 2:7). Essa era a pior blasfêmia que um judeu poderia cometer: colocar-se no lugar de Deus, perdoando pecados. Mas Jesus não se justificou nem voltou atrás.  
     "E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração?  ​Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?  ​Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados— disse ao paralítico:  ​Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa. ​Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim!" (Mc 2:8 à 12)
     Apenas Deus pode perdoar pecados.

     O espaço não é adequado para explorar a abundância de evidências internas que apontam para Jesus. 
     Uma delas, mais sutil, porém, não menos importante, está no livro do Profeta Zacarias 11:13 - "Então, o SENHOR me disse: Arroja isso ao oleiro, esse magnífico preço em que fui avaliado por eles. Tomei as trinta moedas de prata e as arrojei ao oleiro, na Casa do SENHOR". No original hebraico, SENHOR é Jeová, o próprio Deus. 
     Jesus foi igualmente avaliado ao ser traído por Judas: " ​Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: ​Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo" (Mt 27:3,4). Onde essas moedas foram parar?  "​Então, se cumpriu o que foi dito por intermédio do profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi estimado aquele a quem alguns dos filhos de Israel avaliaram;  ​e as deram pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor" (Mt 27:9,10)
     Seria essa uma evidência sutil da divindade de Cristo?

     Por que creio na divindade de Cristo.
     Corria o ano de 1980. Eu era um religioso, me esforçando por ser protestante, mas no fundo era esotérico. Cria em alienígenas, duendes e astrologia da mesma forma que dizia crer na Bíblia. Ou seja, cria em tudo e por isso não acreditava em nada. A figura de Cristo me parecia distante. Para mim era mais um homem entre tantos desejando "fazer alguma coisa" em prol da humanidade. Decidi ler os evangelhos e iniciei com Mateus. A ética de Jesus me impressionou. Seu relacionamento com as crianças e as mulheres me cativou. Sua morte na cruz me deixou chocado, mas sua ressurreição me pareceu "esotérca", mística. Li como quem lê um romance bucólico. Mas foi no Evangelho Segundo São João que me intriguei com a possibilidade de Jesus Cristo possuir a mesma natureza de Deus, pois fui bombardeado com afirmações contundentes sobre sua "suposta" divindade.  E em Março de 1981, após uma terrível crise existencial, aceitei a divindade de Cristo e, como Tomé, arrisquei-me a chamá-lo de "meu Senhor e meu Deus". Minha vida nunca mais foi a mesma!

     Respeito os que pensam diferente, mas insisto que, ninguém pode considerar a Bíblia um livro sério, sem acreditar piamente na divindade de Cristo. Isso é impossível! Fico então com a segunda parte da pergunta levantada por esse despretensioso artigo: A divindade de Cristo é um fato teológico, incontestável, insofismável, inalienável e irrepetível.

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