Tenho visto muita
sinceridade em alguns religiosos e sua disposição em fazer a diferença nos dias
atuais, mas sinceridade, por si só, não basta. Posso estar sinceramente errado
caso não aja com coerência, conhecimento dos fatos e reflexão.
Vejamos. Cristianismo é Cristo. Sua vida, ensinos,
morte, sepultamento ressurreição. O livro que vindica autoridade para assuntos
cristãos é a Bíblia, especialmente o Novo Testamento, mais precisamente os
Evangelhos.
Jesus foi um judeu e cuidadoso praticante do judaísmo.
Afirmou categoricamente que veio para cumprir a lei e não revoga-la. O judaísmo
praticado por Jesus estava em estreita consonância com o judaísmo
vétero-testamentário. Se isso é verdade, o judaísmo praticado por Jesus,
condenava a consulta aos mortos (Deuteronômio 18:9 à 12), negava a reencarnação
(Lucas 16:25 à 31) e afirmava a divindade do Messias, o Cristo (Isaías 7:14 – Mateus 1:23).
O espiritismo kardecista, como sistema religioso, é
oriundo do induísmo e ganhou “roupagem cristã” apenas com respeito a ética
religiosa, mantendo a crença na transmigração das almas e na doutrina do carma, vendo o Cristo como
iluminado, o mais iluminado de todos, porém negando sua natureza divina.
A pedra fundamental do cristianismo é a crença na
divindade de Cristo, amplamente embasada no Antigo Testamento e fartamente
demonstrada no Novo. Jesus nasce de uma virgem, anda sobre as águas, acalma
tempestades, cura cegos de nascença, transforma água em vinho, multiplica pães
e peixes, ama inimigos, prevê sua morte e ressurreição, recebe um corpo
glorificado (material, mas não mais sujeito à matéria e a morte) sobe aos céus
de modo visível e promete voltar.
A principal evidencia de sua deidade não estão
nos fatos históricos miraculosos, extraordinários, mas encrustado no segundo
evangelho: “Vendo a fé que eles tinham,
Jesus disse ao paralítico: - Filho, os seus pecados estão perdoados. Estavam
sentados ali alguns mestres da lei, raciocinando em seu íntimo: - Por que esse homem fala assim? Está
blasfemando! Quem pode perdoar pecados, a não ser somente Deus? Jesus percebeu
logo em seu espírito que era isso que eles estavam pensando e lhes disse: - Por
que vocês estão remoendo essas coisas em seus corações? Que é mais fácil dizer
ao paralítico: ‘Os seus pecados estão perdoados’, ou: ‘Levante-se, pegue a sua
maca e ande’? Mas, para que vocês saibam
que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados — disse ao
paralítico — eu lhe digo: Levante-se,
pegue a sua maca e vá para casa. Ele se levantou, pegou a maca e saiu à vista
de todos. Estes ficaram atônitos e glorificaram a Deus, dizendo: - Nunca vimos
nada igual! " (Marcos 2:5 à 12)
Pensando bem, se somente Deus
pode perdoar pecados, das duas uma: ou Jesus é um usurpador, farsante,
arrogante, prepotente e mentiroso, ou ele é Deus. Pensando bem, não acredito
que Jesus de Nazaré seja um farsante, um mentiroso.
Pensando bem, a simples adesão à ética do
cristianismo, excluindo a crença da divindade de Cristo não torna um corpo de
crenças de origem indú uma modalidade de cristianismo.
Pensando bem, ou sou espírita ou sou cristão. Se for
um bom cristão, não poderei ser espírita. Se for um bom espírita não poderei me
considerar um cristão. A expressão “espiritismo cristão” é insustentável. Pense bem.