quinta-feira, 24 de maio de 2012

Lições de liderança no livro de Jó.


A liderança evangélica está em crise.  Profetas do óbvio, pregadores da auto-ajuda, mensageiros da vitória e atores eclesiásticos com suas mais exuberantes performances, dão seu show dominical à templos cheios de pessoas vazias. A fé está sendo descaradamente comercializada.

Há quem diga que estamos em pleno avivamento. Confundem números com mover do Espírito. Música com adoração. Retórica com proclamação. A pregação da Palavra de Deus e o sagrado ministério pastoral parecem estar em decadência. Os pastores (leia-se em alguns casos bispos, apóstolos, e por aí vai) estão se aperfeiçoando em gestão ministerial, marketing pessoal, batizando seus ministérios com seus próprios nomes.

Geralmente olhamos para Jó como alguém que deveria ser provado para emergir de sua justiça própria em direção a revelação de Jeová Deus. Não me lembro de ter atentado para sua vida antes das perdas e danos.  Seu testemunho "dava de dez a zero" na maioria dos líderes espirituais de hoje: "Todas as pessoas me davam atenção e em silêncio escutavam os meus conselhos. Quando acabava de falar, ninguém discordava. As minhas palavras entravam na cabeça deles como se fossem gotas de água na areia. Todos as esperavam ansiosos, como se espera a chuva no tempo de calor. Eu sorria para aqueles que tinham perdido a esperança; o meu rosto alegre lhes dava coragem. Eu era como um chefe, decidindo o que eles deviam fazer; eu os dirigia como um rei à frente do seu exército e os consolava nas horas de aflição" (Jó 29:21 à 25). 

Alguns podem achar que Jó se arrogava deste estado de coisas, desse nível de influência. Mas a Bíblia não deixa isso claro. Sua provação lhe serviu para revelar-lhe mais sobre Deus. Isso é certo. Mas antes de ser provado, Jó se revelara um líder espiritual de primeira linha, um pregador de mão cheia. Convenhamos: quem hoje em dia teria algo assim para dizer sobre si mesmo:

"Eu jurei que os meus olhos nunca haveriam de cobiçar uma virgem" (31:1). "Nunca deixei de ajudar os pobres, nem permiti que as viúvas chorassem de desespero. Nunca tomei sozinho as minhas refeições, mas sempre reparti a minha comida com os órfãos. Eu os tratava como se fosse pai deles e sempre protegi as viúvas.Quando via alguém morrendo de frio por falta de roupa ou notava algum pobre que não tinha com que se cobrir, eu lhe dava roupas quentes, feitas com a lã das minhas próprias ovelhas, e ele me agradecia do fundo do coração" (31:16 à 20).

"Jamais confiei no ouro; ele nunca foi a base da minha segurança.Nunca me orgulhei de ter muitas riquezas, nem de ganhar muito dinheiro" (31:24,25).

"Jamais me alegrei com o sofrimento dos meus inimigos, nem fiquei contente se lhes acontecia alguma desgraça"(31:29).

"Jamais procurei encobrir as minhas faltas, como fazem algumas pessoas, nem escondi no coração os meus pecados"(31:33)".

Jamais imaginei fazer de Jó, antes do sofrimento,  um de meus mestres! Sei que alguns dirão que estou ferindo a hermenêutica, forçando a barra e tirando leite de pedra. Mas não me importo. Preciso encontrar exemplos, modelos que me inspirem e me levem mais além.

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos salve desta degeneração mortal em que a liderança espiritual está mergulhando. Se estamos como estamos, é porque temos deixado de olhar para Jesus, o líder por excelência, "manso e humilde de coração". Os que desejam ser piedosos, dedicados, buscando santificação, estão sendo criticados e acusados de legalismo. Em nome da "graça" estão vivendo em desgraça moral e espiritual. A graça de Deus nunca foi uma carta branca para pecar e sim o poder infinito de Deus em buscar e salvar pecadores desgraçados transformando-os em santos homens e mulheres de Deus.
sergiomarcos59@hotmail.com 

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