quarta-feira, 22 de junho de 2011

O QUE ACONTECEU COM A PREGAÇÃO?


 Sérgio Marcos


Não sei se concorda comigo, mas de um modo bem grosseiro, ouso afirmar que a pregação “sumiu” das igrejas. Se alguém se levanta para pregar, perde dez minutos para se desculpar, diz que vai ser breve, fala cinco minutos, encerra com uma “oração” e devolve a palavra rapidamente para o ministério de louvor “continuar o culto”. Se uma pregação é um pouco mais demorada, está sempre recheada de boas piadas e muita auto-ajuda. Pior: todo mundo acha que isso é pregação.
O que aconteceu? Primeiramente, acredito que a igreja divorciou-se da história, e vive uma realidade "outra", ignorando seu rico passado de produção teológica se achando “relevante”, “acolhedora” e falando a "linguagem que as pessoas entendem”. Trocando em miúdos, é a igreja “contextulaizada” (seja lá o que isso realmente signifique) caminhando a passos largos em direção a completa apostasia.
Em segundo lugar, conforme a sociedade em que está inserida, a igreja passou a rejeitar a pregação bíblica por que a vê com certa desconfiança. Há mais de 50 tipos de Bíblias de Estudo no mercado, mas muito pouco estudo e pregação da Bíblia nas igrejas e isso chama a atenção para um outro problema: o secularismo.
Uma igreja secularizada nada mais é que uma igreja que abandonou a pregação bíblica. Você entra, assiste um culto “espetacular”, sai emocionado e com a sensação que “ganhou o dia”, jurando voltar domingo que vem. No entanto sai vazio de Deus. Teve suas emoções tocadas, seus instintos naturais satisfeitos, mas sua alma permanece faminta.
Só há um meio de reverter este processo de morte: um retorno ao evangelho. E com "evangelho" me refiro a pregação expositiva, fundamentada nas Escrituras, que parte das Escrituras, expõe as Escrituras e aplica as Escrituras a realidade da vida das pessoas.
Outro dia, uma pessoa “crente”, que foi membro de uma destas igrejas da mídia por quatro longos anos, contou-me que jamais tinha ouvido um sermão sequer a partir de um dos textos dos quatro evangelhos. Ao ouvir-me pregar sobre o jovem rico, ficou impressionada com o desprezo que Jesus deu a sua riqueza e religiosidade. Despertou-se então para perceber o quanto fora enganada pelos quatro anos que ficou “nas trevas” e passou a admirar e servir a Jesus.
Que Deus nos ajude a denunciar o desprezo pela sua Palavra com determinação e a interceder por arautos, homens de verdadeiro estudo e aplicação bíblica, que desistam da idéia de serem populares e medir seu desempenho pelo número de ouvintes. Encher igrejas hoje em dia é muito fácil. Difícil é encher o coração de cada ouvinte com a verdade bíblica até fazê-lo transbordar. Deus tenha misericórdia de nós.
sergiomarcos@mevec.com.br 

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